7 chocolates brasileiros para você presentear na Páscoa

Com a aproximação da Páscoa as opções de ovos começam a preencher os corredores dos supermercados e a timeline das redes sociais, seja com promoções, novidades e tendências. O que não se fala muito é do que está por trás do rótulo. Seja pela falta de tempo na hora de escolher acabamos optando pelas opções tradicionais ou quando arriscamos algo novo, vamos pela embalagem ou simplesmente pelo preço que “está dentro do que eu esperava pagar”. Nesse artigo vamos apresentar 7 marcas brasileiras que têm feito um trabalho maravilhoso não só do rótulo para fora quanto na escolha dos melhores insumos, de forma responsável e gerando renda para pequenos produtores de cacau.

Começando pelo básico, vale lembrar que o cacau é um fruto nativo da Amazônia, nosso maior bioma. No entanto, hoje a maior parte da produção de cacau vem de países da África e do sudeste asiático. Inclusive com sérias denúncias de trabalho sob condições análogas à escravidão e desmatamento que contamos em um outro artigo aqui do blog e também são contadas na série Rotten da Netflix.

Portanto, não é novidade que os países conhecidos mundialmente como “produtores” de chocolate como Suíça e Bélgica na verdade são grande importadores de cacau, sendo co-responsáveis pelas eventuais mazelas sociais e ambientais que a produção desse insumo causa nos países produtores. Exportar o nosso cacau a preço de commodity para a Europa para depois comprarmos o chocolate a preço de artigo de luxo me parece uma prática bem colonial, não é? Já passou da hora de valorizarmos o nosso cacau e nossos chocolateiros.

Aqui na monai, acreditamos na valorização dos pequenos produtores nacionais, especialmente da agricultura familiar, que dedicam suor e trabalho para produzir cacau de qualidade da Bahia à Amazônia. Todas as marcas expostas aqui valorizam, de diferentes formas, as pessoas que estão por trás desse trabalho que conseguem conciliar produção com respeito à natureza.

Nesse artigo vamos percorrer o Brasil e conhecer as histórias de 7 marcas de chocolates brasileiros que você provavelmente não conhecia que refletem esses valores.

1. Na’kau

chocolate 72% cacau feito por pequenos produtores na Amazônia

Começando pela amazônia, a Na’kau é pioneira em chocolates feitos 100% com cacau orgânico de várzea dos rios do Amazonas.

A empresa nasceu em 2013 com o objetivo de valorizar os povos da Amazônia, comprando o cacau diretamente de ribeirinhos e indígenas, e com isso tendo acesso a amendoas produzidas em solos super nutritivos, colaborando para manutenção da floresta em pé.

A empresa declara ter contribuído direta ou indiretamente com a preservação de mais de 5.000 hectares de floresta amazônica através da compra de insumos produzidos em harmonia com a preservação da natureza.

Aos coletores de cacau, além de oferecer um pagamento acima do valor de mercado, a Na’kau oferece treinamentos aos agricultores em técnicas que podem melhorar a produtividade e qualidade do produto final. A relação com a amazônia não fica só no cacau: a empresa utiliza inclusão de sabores nativos do bioma em suas barras como o cupuaçu e a castanha do Brasil. Como resultado, os chocolates vão muito além do sabor, impactando diretamente a vida de mais de 30 famílias amazonenses.

2. Warabu

Ainda dentro da maior floresta tropical do mundo encontramos a Warabu. A marca começou com o chef Jorge Neves, que sonhava em unir diversidade, criatividade e sustentabilidade, a fim de gerar um produto de qualidade e com preço justo.

Produzidos com cacau orgânico selvagem, nativo e comprado de populações tradicionais da região, o chocolate é uma experiência de sabores, orgânico, vegano e sustentável. Assim como seu predecessor Na’kau, também utiliza de produtos da biodiversidade amazônica criando uma verdadeira viagem pelos sabores da região, trazendo além do cupuaçu e da castanha, o cumaru, o puxuri, o guaraná, o açaí.

A Warabu se relaciona com quase 200 agricultores familiares que preservam o meio ambiente. Algumas das comunidades amazônicas envolvidas no fornecimento de cacau e outros insumos são Pacajá, Anapu, Vitória do Xingu, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará.

3. De Mendes

Foi em meados de 2014 que Cesar De Mendes, filho de mãe quilombola e pai ribeirinho, deu início à sua empreitada no mundo dos chocolates.

Também em território amazônico, agora no estado do Pará, a inspiração para o desenvolvimento da marca de chocolates tem o intuito de resgatar memórias afetivas da infância que Cesar tinha com o mel de cacau. Sim, a prensagem das sementes com a polpa cria uma espécie de suco, que por sua doçura e acidez, ficou popularmente conhecido como “mel de cacau”.

Desde o início, Cesar buscou não apenas trabalhar ao lado das populações tradicionais, mas também valorizar a cultura e as formas de produção de chocolate dos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, caboclos e agricultores familiares da região.

Visando agarantir a rastreabilidade da origem do cacau, que pode vir de comunidades indígenas como os Yanomami e Paiter-Suruí ou de produção exclusivamente feita por mulheres, a De Mendes envia junto com suas barras um QR Code que conta sobre a origem do cacau e compensa as emissões de gases de efeito estufa restantes das outras etapas do processo com a compra de créditos de carbono.

O resultado de todo esse cuidado na produção e distribuição são chocolates únicos, no cultivo, na apresentação (as embalagens são lindas) e obviamente, no sabor.

4. Dois riachões

Deixando a Amazônia em direção ao estado com a maior produtor de cacau do país, a Bahia, chegamos ao chocolate Dois Riachões, produzido no assentamento de mesmo nome no sul da Bahia.

Até aqui, todas as marcas apresentadas tinham um intermediário entre as famílias produtoras e o consumidor. No dois riachões é diferente. A área, que já foi uma fazenda de mesmo nome devastado pela vassoura de bruxa na década de noventa agora é lar de mais de 40 famílias que produzem cacau orgânico e agroecológico. Para as famílias a produção de chocolates é um caminho para o aumento da renda e o desenvolvimento de melhores condições de vida, sempre com práticas de cultivo agrícola sustentáveis como o plantio consorciado de cacau com espécies nativas da mata atlântica, também conhecido como “cabruca”.

Com uma área aproximada de 406 hectares, o assentamento é a primeira área da Bahia com Certificação Orgânica Participativa, pela Rede de Agroecologia Povos da Mata.

A iniciativa também abraça o turismo rural e a culinária agroecológica. Quem visita a propriedade pode visitar as plantações de cacau e participar de atividades relacionadas à produção de chocolate. Uma ótima oportunidade para conhecer em primeira mão os chocolates e o processo de cultivo do cacau com impacto socioambiental positivo de ponta a ponta.

5. Natucoa

Um pouco mais ao sul, ainda em território baiano, tradição e cuidado se unem para dar vida às amêndoas de cacau fino pelas mãos de agricultores familiares da cooperativa Coopessba, que criou a marca Natucoa para seu chocolate de origem.

No sul da Bahia, muita gente atribui à vassoura de bruxa – fungo que assolou as plantações de cacau do Sul da Bahia na década de 90 – a reforma agrária da região. Muitos latifundiários, herdeiros dos coronéis dos livros de Jorge Amado, foram à falência e abandonaram suas fazendas. Os trabalhadores que ali residiam foram aos poucos retomando o plantio de forma mais equilibrada e conseguiram estabelecer cultivos pequenos e produtivos na região. Com o tempo os produtores se organizaram em uma cooperativa que permitiu que o cultivo do cacau tomasse novas dimensões em relação a qualidade, produtividade e acesso a mercados.

A Natucoa é a tangibilização de um sonho da cooperativa em levar as propriedades do cacau, como sua capacidade de estimular a ativação da serotonina e da dopamina, relacionados ao bem-estar e diminuição da ansiedade, para um público cada vez maior.

Aqui o cacau também é produzido no sistema cabruca, que cresce em meio à mata atlântica nativa, contribuindo tanto para a geração de renda quanto à proteção do pouco que resta do bioma. Não deixem de experimentar os drageados de castanha de caju e licuri. São divinos!

6. Cacalmenara

Atravessando a fronteira do estado, mas ainda em região com clima e solo parecidos, temos a Cacalmenara, uma fábrica de chocolates no Espírito Santo, nas montanhas capixabas.

A história da marca começou em 2016, quando o Sr. João Felipe decidiu transformar a Fazenda Olhos d’Água, produtora de monocultura de café, em um sistema agroflorestal com cacaueiros e árvores nativas da Mata Atlântica.

Com um modelo tree to bar, onde a empresa é responsável desde o cultivo do cacau até a fabricação da barra de chocolate, eles produzem, com um trabalho criterioso, um chocolate 100% natural, sem adição de conservantes ou estabilizantes, fabricados com foco na qualidade do produto e sustentabilidade produtiva. Um exemplo necessário de que é possível unir produção agrícola e reflorestamento e ainda gerar lucro.

Todo esse pioneirismo foi recentemente reconhecido com a medalha de bronze no Academy of Chocolate 2023, um dos mais respeitados prêmios internacionais do setor.

7. Angí

Por fim, chegando em uma das regiões brasileiras com a maior área média desmatada atualmente: o pantanal. Aqui encontramos a Angí, com chocolates que são produzidos com ingredientes tradicionais do pantanal, como a guavira, uma pequena fruta típica do Mato Grosso do Sul, somados ao cacau característico da Mata Atlântica.

Fundada pela Beatriz, que buscava uma forma de apoiar o desenvolvimento sustentável da região, os chocolates Angí se tornaram uma ótima forma de conhecer os sabores nativos da região e levar um pedacinho do Pantanal pra casa sem prejudicar a preservação do bioma.

Em 2024 a marca lançou novidades na linha de ovos de páscoa com inclusões de frutos nativos como Laranjinha de Pacu, Castanha de Baru e Cacau e Bocaiúva. O cuidado na produção vai além do chocolate – as embalagens também são cuidadosamente pensadas. Além de cores vibrantes no tecido externo, há preocupação com sua sustentabilidade, sendo internamente embalado com bioplástico biodegradável e compostável.

Quem somos

Interessante essas histórias e produtos, não é? Todos esses produtos fazem parte da curadoria da monai!

A monai é um negócio social de brindes corporativos, nós criamos propostas únicas de presentes com propósito para fortalecer sua marca! Que tal nessa Páscoa, você aproveitar para conhecer essas narrativas e se deliciar com produtos comprometidos com a diversidade e sustentabilidade no Brasil? Entre em contato conosco por aqui ou acesse nosso catálogo.